Tanto nas escolas seculares como nas
bíblicas, o verbalismo continua sendo o grande mal do ensino. A maioria dos
professores da EBD utiliza-se da preleção para ministrar suas aulas. Do início
ao fim de cada trimestre, os alunos ouvem explanações, informações,
comentários, explicações, conselhos, enunciados, definições, tudo transmitido
oralmente por seus mestres. Montaigne, séculos atrás, colocando-se no lugar do
aluno, denunciou esta dificuldade docente: "é um incessante vozear aos
nossos ouvidos" (...) "como a despejar algo num funil e nossa tarefa
se reduz à de repetir o que nos foi dito."
Os professores devem mostrar aos alunos
elementos relacionados às palavras a que se referem. O aluno precisa ter
contato direto com a realidade em lugar de simplesmente ouvir o professor.
Rubem Alves diz que quanto mais "separado da experiência for determinado
conteúdo, mais complicadas serão as mediações verbais". Segundo ele, o que
é "imediatamente experimentado não precisa ser ensinado nem repetido para
ser memorizado".
Rousseau aconselha-nos a evitar o
verbalismo, principalmente nas aulas ministradas às crianças e aos jovens:
"nada de discursos à criança que ela não possa entendê-los" (...) não
tolero as explicações puramente verbais: os jovens não lhes prestam atenção e
nada aprendem delas".
Desde o maternal até os adultos há
inúmeras oportunidades de basear e reforçar o que expomos ou explicamos através
de recursos visuais. Dentre eles destacam-se as ilustrações.
Há várias formas de ilustrações. As
mais comuns são: gravuras, fotografias, slides, desenhos, pinturas, cópias de
documentos, gráficos, mapas, organogramas, fluxogramas, plantas, maquetas,
espécimes, objetos reais etc.
Esse tema é muito vasto. Para fins
didáticos, falaremos apenas sobre a importância e as vantagens do uso das
ilustrações de modo geral.
A Importância das Ilustrações para o
Ensino
A ilustração é
importante mesmo em uma conversa informal na qual narramos um fato, descrevemos
uma pessoa, ou explicamos uma ideia. Se tivéssemos à mão desenhos, gravuras,
fotografias, esquemas gráficos ou simplesmente uma folha de papel em que
pudéssemos esboçar algo relativo ao assunto, ou escrever palavras referentes ao
tema, por certo transmitiríamos melhor nossa mensagem e, nosso interlocutor
compreenderia melhor o que disséssemos.
A ilustração
desperta o interesse, estimula a discussão, incita questões, informa, gera ideias,
além de contribuir por outras formas para a aprendizagem em geral. É um modo de
comunicação com atributos próprios. E tais atributos, devem ser cuidadosamente
examinados pelo professor, pois, poderão ajudá-lo a compreender por que, em que
e como usar a ilustração em sua prática docente.
Vantagens das Ilustrações
Tanto do ponto de vista prático quanto
do psicológico, a ilustração apresenta numerosas vantagens para o professor e
para o aluno. Por exemplo, a possibilidade de se obter ilustrações em grandes
quantidades é uma ótima vantagem. Elas cobrem um campo infinito de temas.
Praticamente, quase tudo que se vê pode ser reproduzido pictoricamente. Por
outro lado, boas ilustrações chamam a atenção.
Em suma, a ilustração comunica. Examinemos, pois, alguns fatores
relativos à comunicação por meio de ilustrações.
1.
A ilustração tem caráter universal

A maioria das ilustrações transmite
impressões muito mais reais e concretas do que as palavras.
2.
A ilustração é um recurso versátil
A ilustração ultrapassa o tempo e o
espaço, trazendo cenas históricas e lugares distantes para dentro da sala de
aula. A variedade de assuntos que se pode apresentar por meio de ilustrações é
quase ilimitada. Por exemplo. Se a lição diz respeito à tentação de Jesus, e os
alunos nunca viram um deserto, apresente a eles uma gravura de um deserto. Se a
aula versa sobre a pesca maravilhosa, o professor poderá mostrar a figura do
mar e de um barco de pesca. Assim os alunos assimilarão melhor as lições, e as
aulas tornar-se-ão mais interessantes. Entretanto, o mestre não pode
descuidar-se, imaginando que as ilustrações significam tudo. Elas não são
substitutas do estudo regular da Bíblia.
3.
A ilustração é facilmente encontrada e de baixo
custo
Elas se encontram à nossa volta, em
toda parte, em livros, revistas jornais e em sites educativos. As numerosas
fontes e o vasto número de ilustrações disponíveis gratuitamente, ou a custo
muito reduzido, constituem indiscutivelmente uma vantagem de ordem prática para
os professores que dispõem de poucos recursos para a compra de materiais de
ensino.
É aconselhável, portanto, que os
professores adquiram o hábito de coletar de revistas, jornais velhos e dos
bancos de imagens gratuitos na internet, todas as figuras que pareçam
proveitosas para futuras aulas. Esta simples organização facilitará muito a
localização delas quando o mestre necessitar de ilustrar histórias, lições ou
confeccionar visuais.
A ilustração é apropriada para estudos
individuais e em pequenos grupos. Muitos recursos visuais destinam-se
principalmente para uso em grupos. A ilustração, entretanto, é ideal para uso
individual ou em pequenos grupos. O estudante pode examiná-la por quanto tempo
for necessário.
4.
As ilustrações ativam a memória
Segundo pesquisas, os recursos visuais
afetam significativamente o quanto nos lembramos das palestras ou aulas que
assistimos. Recordamo-nos cerca de 70% de tudo que o professor fala, três horas
após a aula. Entretanto, depois de três dias o que fica em nossa memória não
passa de 10%. Quando o mestre, além expor a aula oralmente, nos mostra algum
objeto ou figura relacionada à sua explanação, nossa lembrança, após três dias,
já atinge a marca dos 20%. Mas, se o professor consegue combinar sua fala a uma
variedade de auxílios visuais, nossa capacidade de lembrar o conteúdo da
aula pode ultrapassar a faixa dos 65%.
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