*William MacDonald
Para muitos, ser cheio do Espírito Santo é um assunto
vago e místico. Não há uma ideia clara e definida na mente das pessoas em
relação a isso, além do fato de haver muitos ensinamentos errados sobre esse
ministério do Espírito. Não admira que os cristãos sejam confusos quanto a esse
assunto.
Em primeiro lugar, ser cheio do Espírito deve ser
diferente de Seus outros ministérios:
A habitação. Isso
significa que a Terceira Pessoa da Trindade mora, literalmente, no corpo de
cada crente. Nosso corpo é o templo do Espírito.
O batismo. O
batismo é o ministério do Espírito que coloca uma pessoa no corpo de Cristo no
momento em que ela crê. A partir de então, ela se torna membro da Igreja
Universal.
O selo. Um
selo é uma marca de posse e segurança. Deus Espírito marca o crente como sinal
de que pertence ao Senhor e está seguro por Ele.
O penhor. Isso
significa um sinal ou garantia. Alguns o comparam com a aliança de noivado. Tão
certo como a pessoa possui o Espírito, ela também receberá, um dia, a herança
por completo.
A unção. No
Antigo Testamento, reis e sacerdotes eram ungidos com óleo em um rito
inaugural. Da mesma forma, o Espírito nos unge como sacerdotes reais. A unção
possui um significado adicional em 1 João 2.27. O ministério de ensino do
Espírito nos permite distinguir a verdade do erro.
Todos esses ministérios do Espírito acontecem no momento
em que uma pessoa é salva. Eles são automáticos. Não exigem qualquer cooperação
por parte do novo crente. Não há condições a serem satisfeitas. São
experiências definitivas.
Ser cheio do Espírito é diferente. Na verdade, no Novo
Testamento, há duas formas de sermos cheios.
Primeiro, um crente pode ser cheio do Espírito
soberanamente para alguma obra especial. Assim, lemos que João Batista foi
cheio do Espírito Santo no ventre de sua mãe (Lc 1.15b). Dessa maneira, Deus o
preparou para ser o precursor do Messias. É possível que essa palavra tenha
sido usada nesse sentido na maioria das ocorrências no livro de Atos. Foi assim
que os discípulos foram cheios do Espírito Santo como preparação para a vinda
dEle no Pentecoste (At 2.4). Pedro foi cheio do Espírito, pois precisava ser
equipado a fim de ser convincente na transmissão da mensagem às autoridades e
aos cidadãos comuns (At 4.8). Pedro e João foram cheios a fim de proclamar a
Palavra de Deus com intrepidez (At 4.31). Saulo foi cheio do Espírito para
pregar de Cristo em Damasco (At 9.17,22). Depois, ele foi novamente cheio para
denunciar Elimas, o mágico (At 13.9). Pelo menos algumas dessas ocasiões em que
as pessoas foram cheias do Espírito foram temporárias e não houve exigências a
serem satisfeitas para que isso ocorresse.
Segundo, há uma forma de sermos cheios do Espírito para a
qual há condições. É isso que encontramos em Efésios 5.18. Não é algo pelo qual
você ora, mas uma ordem à qual obedece. É claro na língua original do Novo
Testamento que o significado desse versículo é: “Sejais continuamente cheios”.
Trata-se de um processo contínuo, não de uma realização. Não é uma experiência
emocional, mas uma vida de santidade constante.
Paulo escreveu: “E não vos embriagueis com
vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”. Por que ele
mencionou algo tão ruim quanto a embriaguez juntamente com o nosso dever de
sermos cheios do Espírito? Provavelmente porque há algumas semelhanças e
diferenças evidentes entre as duas coisas. Primeiro, as semelhanças. Em ambos
os casos, a pessoa está sob um controle externo. Na embriaguez, ela está sob o
controle da bebida alcoólica chamada, às vezes, de “espíritos”. Ser cheio do Espírito
significa que ela está sob o controle do Espírito Santo. Em ambos os casos, é
possível saber quem a controla pela forma como anda: o bêbado cambaleia a esmo;
a pessoa cheia do Espírito anda separada do pecado e do mundo. Em ambos os
casos, é possível saber quem a controla pelo modo como fala: a fala do
alcoólatra é enrolada e profana; a fala do crente é edificante e exalta a
Cristo.
Também há duas diferenças. Quando se está embriagado, há
perda do autocontrole; quando se está cheio do Espírito, não há perda do
autocontrole. Quando se está embriagado, há uma menor resistência ao pecado;
quando se está cheio do Espírito, a resistência é maior.
Lembrei-me das palavras perspicazes de James Stewart: “Se
é pecado embriagar-se com vinho, é um pecado ainda maior não ser cheio do
Espírito”.
Conforme mencionado, ser cheio do Espírito é a vida de
santidade. Você a encontra sob diferentes aspectos nestas passagens:
·
É o caráter de um cidadão do reino (Mt 5.1-16);
·
É a vida permanente (Jo 15.1-17);
·
É a vida de amor (1 Co 13);
·
É a armadura do cristão (Ef 6.10-20);
·
É a vida do caráter cristão (2 Pe 1.5-11).
A seguir, algumas coisas essenciais a fazer para ser
cheio do Espírito:
·
Confesse e abandone o pecado assim que tomar consciência dele (1
Jo 1.9; Pv 28.13);
·
Submeta-se ao controle do Senhor em todos os momentos (Rm
12.1-2);
·
Encha-se com a Palavra de Deus (Jo 17.17). Você não pode ser
cheio do Espírito a menos que a Palavra de Cristo habite em você ricamente (Cl
3.16);
·
Passe bastante tempo em oração e adoração (Rm 8.26; 2 Co 3.18);
·
Mantenha-se perto da comunhão cristã, evitando envolver-se com
questões do mundo (Hb 10.25; 2 Tm 2.4);
·
Ocupe-se para o Senhor (Ec 9.10);
·
Diga um sonoro “não” para os apetites ilícitos da carne (1 Co
9.27). Responda à tentação pecaminosa como um morto responderia (Rm 6.11). No
momento de forte tentação, clame ao Senhor (Pv 18.10). Tome medidas rigorosas
para evitar qualquer pecado (Mt 18.8). Fuja, não caia (2 Tm 2.22). Aquele que
luta e foge sobrevive para lutar mais um dia.
·
Controle seus pensamentos (Pv 23.7; Fp 4.8);
·
Seja Cristocêntrico, não egocêntrico (Jo 16.14).
Agora faça o que tem de fazer, crendo que o Espírito está
no controle.
Como é ser cheio do Espírito? A maior parte da vida
provavelmente continuará sendo o habitual trabalho duro, rotineiro e secular.
Às vezes, haverá picos. Porém, você perceberá que os mecanismos da vida se
encaixam, que acontecem coisas incomuns. Você terá consciência de que o Senhor
está operando em você e por seu intermédio. Sua vida reluzirá com o
sobrenatural e, quando você tocar outras vidas, algo acontecerá para Deus.
Além disso, haverá poder (Lc 24.49; At 1.8), intrepidez
(At 4.13,29,31), alegria (At 13.52), louvor (Lc 1.67-75; Ef 5.19-20) e
submissão (Ef 5.21).
Um último aviso. A pessoa que é cheia do Espírito nunca
diz que é. O ministério do Espírito é exaltar Cristo, não o crente.
Vangloriar-se como se o tivesse alcançado é orgulho. (William MacDonald - http://www.chamada.com.br)
*William MacDonald (7/1/1917 – 25/12/2007) viveu na California–EUA,
onde desenvolveu seu ministério. Sua ênfase era de ressaltar com clareza e
objetividade os ensinamentos bíblicos para a vida cristã, tanto nas suas
pregações como através de mais de oitenta livros que escreveu.